Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la. A. Cury

BOAS VINDAS!!!

Este blog é para aqueles que se interessam, como eu, pela Contabilidade e por seu desenvolvimento prático-teórico.

"Se um dia fecharem-lhe as portas da vida, pule a janela." (Augusto Cury)

sábado, 5 de junho de 2010

Escolas de Contabilidade - Controlista

Escola Controlista

Para Fabio Besta (1880) a contabilidade representava a ciência do controle econômico. Este autor considerava que o controle econômico se compunha de duas partes: uma responsável pelo registro contábil dos momentos da administração econômica e sua efetivação por meio de escrituração e a outra representava a revelação das partidas dobradas dos fatos administrativos em conexão com os critérios organizacionais articulados de acordo com os mecanismos de controle inerentes à escrituração contábil.

Na visão dos controlistas, os balanços, as contas, os orçamentos, as demonstrações de resultados, etc., representavam uma forma de controle da riqueza dos organismos econômicos.

Besta entendia que a contabilidade tinha a missão de atender as seguintes três fases: primeiro estabelecer um ponto de partida para tornar possível a análise dos resultados da gestão; em segundo lugar acompanhar a gestão evidenciando os fatos ocorridos que julgar-se o trabalho administrativo e a terceira fase demonstrar os resultados finais da administração econômica para a devida aprovação ou rejeição da gestão.

Igualmente considerava que o patrimônio deveria ser representado por uma grandeza mensurável e variável, isto é, demonstrado por uma soma de valores positivos e negativos.

Besta classificou as funções de controle econômico (ou de contabilidade) conforme o momento em que ocorriam com referência aos fatos administrativos e de acordo com a sua natureza. Segundo o momento de ocorrência, as funções de controle são: antecedentes, concomitantes e subsequentes.

Antecedentes são os contratos, estatutos, regulamentos, atas, inventários, etc.
Concomitantes são os controles que se caracterizam pela vigilância das tarefas determinadas para cada pessoa. Esta deve ser feita por quem exerce a autoridade direta, pelos administradores ou outras pessoas indicadas para tal fim, visando a proteção da entidade. Para tal, podem ser utilizados cartões, apontamentos, medidores, etc.

A função subsequente é o exame dos fatos em seus aspectos jurídicos e econômicos, ou seja, o confronto entre o que foi realizado com o que deveria ter sido feito. Os instrumentos usados são os documentos referentes aos dois controles anteriores, os registros contábeis, os balanços, as prestações de contas, o exame destas prestações e sua aprovação ou rejeição.
O controle econômico pode ser considerado com uma das finalidades dos sistemas de escrituração, não abrangendo, contudo, em sua totalidade o objeto da contabilidade. Aspectos relativos à formação dos custos, realização de receita, equilíbrio financeiro e outros que provam variações patrimoniais, são objeto de operações de controle, porém, a contabilidade não se limita unicamente a esses aspectos. O controle é apenas um instrumento de apoio e não um fim ou objeto da contabilidade.

As contribuições desta escola à comunicação contábil foram:
1. o controle significava um melhor estudo substancial das operações da entidade para estabelecer se as mesmas estavam sendo desenvolvidas de acordo com critérios de conveniência econômica que devem guiar a conduta de uma entidade.
2. A informação contábil servia como uma base para a análise da gestão passada e como instrumento de informação para previsões futuras.
3. O desenvolvimento sistemático de princípios que informavam sobre o patrimônio das entidades, sobre seus inventários, avaliações de bens, orçamentos e demonstrações contábeis.
Os principais personagens desta escola foram: Besta, Alfieri, Ghidiglia, D’Alvise e Lorusso

Fábio Besta e a Escola de Veneza

Autoria: Nelson Trus Cabral

Assim como os personalistas fizeram oposição aos contistas, os controlistas fizeram oposição aos personalistas.

A escola personalista, situada em Toscana, tinha grande força e prestígio, porém com o aparecimento da Escola de Veneza (controlista) encontrou contestações.

Tudo começou no discurso de inauguração do Ano Acadêmico em Veneza, em 1880, feito por Fábio Besta, que falava de debates que já haviam sido processados em público.

Com a divergência dessas idéias contribuiu-se positivamente para o pensamento humano.

Na Contabilidade, os debates entre os três grandes da época: Cerboni, Rossi (personalistas) e Besta (Controlista), fizeram história, principalmente no 1º Congresso Italiano de Contabilidade, realizado em Roma, em 1879, no confronto entre as escolas científicas, o que fez Besta à fazer o seu discurso já citado anteriormente.

Fábio Besta, afim de criar novas formas de estudos da Contabilidade, contribuiu muito para o desenvolvimento da ciência Contábil.

Besta causaria influências nos pensamentos dos estudiosos do Século XX.

Sua obra mais importante é La Ragioneria, em três volumes.

Com os pensamentos de Besta formou-se a Escola de Veneza, a qual mais tarde contribuiu para o conhecimento contábil destacando Vittorio Alfieri, Pietro Rigobon, Francesco de Gobbis, Vincenzo Vianello, entre outros com obras muito importantes publicadas.

Não se pode excluir os pensamentos dos personalistas os quais auxiliaram, também, muito o desenvolvimento da Contabilidade.

A obra de Fábio Besta e suas Razões Científicas - Fábio Besta admitiu a importância do “controle da riqueza aziendal”.

Besta afirmava : “a riqueza pertinente a uma azienda forma a substância ou patrimônio àquela legado e todo azienda possui substância, seja pequena ou grande”. Com isso ele queria dizer que a dinâmica da riqueza, afirma que a satisfação das necessidades através dela gera um sem número de fenômenos e que é necessário uma ciência específica para estudá-los.

Com essa afirmativa Besta expõe sua primeira diferença ao pensamento personalista que defendia que pelos direitos ou obrigações só ocorrem quando as mesma é dinamizada. Através do pensamento de Besta, fica bem claro o ponto de vista sobre a riqueza, sobre a necessidade de considerá-la como ela mesma.

As afirmativas de Besta rebatem com os pensamentos de Cerboni, os axiomas.

Besta enfatizava a preocupação dos estudos, na Contabilidade, que não deviam estar relacionadas com o direito, mas sim naquela de utilização, para a satisfação das necessidades. “O direito de possuir alguma coisa por si só de nada vale. O legitimo proprietário conserva todos os direitos sobre as coisas, ainda quando lhe são roubadas; se não tem possibilidade de recuperá-las, aquelas coisas para ele de nada valem.”

Recusa a definição de patrimônio enunciada por Cerboni e Rossi, ou seja, não aceita o patrimônio sob a defesa de direitos e obrigações, mas, sim, como um agregado de valores, como “grandeza comensurável”. “O valor de uma coisa se refere a disponibilidade e ao seu livre uso, em suma a sua posse e esta jamais será plena se não lhe é assegurado isto no presente e no futuro, sem limite de tempo, ou seja, enquanto durar.”

As convicções de Besta sobre o valor levou o mesmo a implantar o raciocínio de que as contas não se abrem para pessoas, mas para valores, e segundo Masi, tal forma de pensar deu origem a um Neocontismo que se desenvolveria, inclusive, fora da Itália.

Ao tratar da Classificação dos elementos patrimoniais, consagra uma metodologia de classificação por funções dos elementos da riqueza.

Considera os bens como “forças verdadeiras e próprias das aziendas” e admite o lucro ou a perda como comparação de dois estados da mesma riqueza em determinado tempo.

Atribui à Administração o grande relevo que possui em face dos estudos contábeis, mas é nas funções de controle que mais se empenha em situar como principal.

Afirma que é pelo controle que tudo se torna relevante e que o estudo das causas e dos efeitos de tais funções são os básicos.

Classifica os Controles em: antecedentes, concomitantes e subsequentes, afirmando que tudo deve ser registrado e que o objeto dos registros são os fatos ocorridos com a riqueza.

Para Besta, de nada vale a própria certeza do direito de uma coisa se nada podemos fazer com ela e se sua posse só se dará em tempo futuro e incerto.

A Ciência Contábil, nessa fase áurea do início do século, já havia alcançado sua maioridade e plenitude de grandeza como acervo de doutrinas.

Sobre as “Contas” não só discorre sobre todas as suas teorias em vigor, como apresenta razões profundas de raciocínio quando afirma: “A natureza das contas depende manifestamente da índole do seu objeto, de seu registro e dos fatos e mutações que se refere, e tal índole não varia apenas porque variou o critério do registro; disto deduz-se que a teoria das contas não depende de métodos de registro.”

A importância, pois, do que representou para a Contabilidade a obra de Besta é deveras muito grande e merece todo o destaque como uma das mais expressivas produções da era Moderna científica.

Sua grande reação ao Personalismo, no entender de Masi, tão veemente se fez que deu lugar a uma nova corrente, que seria a neocontista, das “correntes abertas a valor”, como já nos referimos, mas, em verdade, pode-se tomar tal posicionamento mais como uma veemente postura de defesa de um materialismo que Besta herdara de Villa que mesmo a disposição de criar uma escola de pensamentos.

Carlo Ghidiglia, o gênio do Conrolismo - Aderiram ao pensamento de Fábio Besta ilustres estudiosos, mas poucos com a qualidade de Carlo Ghidiglia, sobre o qual Bertini admite que “entre os estudiosos da Contabilidade da segunda metade dos anos do oitocentos e os primeiros decênios do novecentos ocupa uma posição de relevo”.

Ghidiglia defendia sua escola através do Controlismo ao contrário de Rossi que defendia a escola de Toscana através do Personalismo, ou seja, tão ilustres e fiéis seguidores e discípulos de uma escola que sem dúvida se tornaram expoentes nelas.

Ghidiglia foi um dos maiores defensores do Controlismo em uma época que Bertini considera a da máxima maturidade da Contabilidade Científica na Itália e que foi de 1883 a 1888.

Sob o título La Ragioneria nel passato, nel presente e nell’avvenire, publicou importante trabalho que ofereceu o panorama histórico, a realidade e a prospeção dos estudos contábeis.

Para Ghidiglia, a Contabilidade, como ciência, tem a seu cargo regular todas as ações que se relacionam com a riqueza e com as necessidades humanas, o que também está absolutamente correto, somente a somatória da prosperidade das células sociais pode levar à prosperidade global de uma nação e da própria humanidade.

O que eles denominaram, naquela época, de econômico, todavia, não tinha a conotação que hoje possui; baseava-se na estreita visão de que a obtenção do lucro, do suprimento das necessidades materiais, fosse exclusivamente estudo da área da economia.

As razões lógicas nas quais Ghidiglia se apoiou para encontrar a definição da Contabilidade, foram as seguintes:

1-o homem tem deficiências intelectuais e morais que impedem que a ação administrativa se desenvolva em cada caso segundo o postulado hedonístico;

2-em decorrência, torna-se conseqüência natural que o homem se esforce por suprir as referidas deficiências;

3-surge, por isso, naturalmente, alguns fenômenos ou fatos pelos quais se venham a colmar essas deficiências;

4-esse fenômenos ou fatos têm todos uma mesma causa e, em sua forma de operar, são dirigidos por um só sistema de leis;

5-esse sistema de leis constitui uma ciência orgânica pertinente, que é a Contabilidade.

Essas relações lógicas ou premissas que formam suas bases para definir-se a Contabilidade ele as produziu em 1902, ou seja, bem no início do século XX, seguindo uma atmosfera que também cada vez mais se adensava no campo do social e que se formara com vigor a partir do positivismo de Augusto Comte.

Como razões fundamentais da Contabilidade ele aceita as seguintes:

1-necessidade de conhecer o estado de uma substância ou de uma parte dela, no seu complexo ou em seus singulares elementos de composição;

2-necessidade de conhecer as mutações que ocorrem por efeito da obra administrativa sobre a mesma substância, considerada em suas partes e em seu todo;

3-necessidade de determinar, antes que ocorra, qual será a ação administrativa no seu todo e em seus elementos, assim como os efeitos prováveis dessa mesma obra;

4-necessidade de conter ou de estimular a obra administrativa, seja qual for o caso, para que particularmente atenda a cada condição necessária;

5-necessidade de determinar como foi concluída a gestão, que efeitos produziu, que relações ocorreram entre a determinação administrativa e os seus efeitos pertinentes.

O ponto alto de sua teoria, a visão extraordinária que tem, centraliza-se na hierarquia que estabelece para o estudo dos fenômenos, ou seja:

a-estudo da riqueza;

b-estudo das funções da riqueza;

c-estudo dos agregados da riqueza (organismos que explicam as funções ou fenômenos patrimoniais).

O estudo das obras de Ghidiglia nos dá a plena satisfação de observar uma obra verdadeiramente científica, de altíssima qualidade, superior, inclusive, a muitas que se editam na atualidade.

Outros eméritos controlistas e suas obras - Pietro D’Alvise - Foi dos mais queridos e valoros discípulos de Fábio Besta. Produziu um dos grandes tratados clássicos da Contabilidade, Principii e precetti di ragioneria, cuja segunda edição é de 1934.

Francesco De Gobbis - O primeiro a divulgar a doutrina de Besta, em 1889 em sua obra “Ragioneria Generale”, obtendo nada menos de 21 edições em 50 anos, emitiu preciosas definições e um ataque ferrenho às concepções cerbonianas.

Vincenzo Vianello - Historiador emérito da Contabilidade, especialista em Contabilidade Pública. Também foi mestre exemplar, tendo produzido diversos trabalhos e uma obra de sucesso, que foi Istituzioni di ragioneria generale, cuja primeira edição é de 1906.

Pietro Rigobon - Foi um grande especialista na área Contábil bancária e um professor de renome, tendo participado com Fábio Besta da segunda edição de sua La ragioneria (junto também com Vittorio Alfieri e Carlo Ghidiglia).

Vittorio Alfieri - Aluno dileto de Besta e um dos mais fieis intérpretes do pensamento do seu Mestre. Publicou diversos trabalhos, mas sua obra mais importante foi a Ragioneria Generale.

Benedetto Lorusso - Era colaborador de Fábio Besta, editou muitos trabalhos, como La Partita Doppia, Ragioneria Generale basata sulle funzioni di controllo economico, Aggiunte alle nozione di ragioneria generale, Commercio di importazione e di esportazione, etc.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Escolas de Contabilidade - Italiana

Escola Italiana de Contabilidade

Com o surgimento do Método de Partidas Dobradas no século XIII ou XIV, e sua divulgação através da obra “La Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá” de autoria do Frei Luca Pacioli, publicada em Veneza em 10/11/1494 (1ª edição), a escola italiana ganhou um grande impulso, espalhando-se por toda a Europa.

Várias correntes de pensamento contábil se desenvolveram dentro da escola italiana, sendo as mais relevantes: o contismo, o personalismo, o neocontismo, o controlismo, o aziendalismo e o patrimonialismo.


2.1 Escola Contista

Constituiu-se na primeira corrente de pensamento contábil (1494). Seu surgimento está relacionado aos estudos feitos pelos primeiros expositores do Método de Partidas Dobradas. Os defensores dessa corrente, adotaram como idéia básica o mecanismo das contas, centrando sua preocupação no seu funcionamento, esquecendo-se que a conta é apenas conseqüência das operações que acontecem numa entidade, e que essas operações devem merecer a máxima atenção da contabilidade.

Para os criadores da escola contista, a preocupação central da contabilidade era com o processo de escrituração e com as técnicas de registro através das contas.

O objetivo das contas era sempre o de registrar uma dívida a receber ou a pagar, coincidindo com a origem do crédito nas relações comerciais.

Com o início do regime sócio-econômico, onde os meios de produção passaram a pertencer a qualquer pessoa que possuísse capital, as relações de crédito entre compradores e vendedores experimentaram um grande crescimento, fazendo com que as contas contábeis se constituíssem num dos mais hábeis instrumentos para o registro destas relações.
A escola contista teve um grande impulso com os trabalhos de pesquisadores franceses, entre os quais Degranges que em 1795 divulgou a chamada teoria das cinco contas, baseada em estudo realizado em 1675 por Jacques Savary sobre a teoria geral das contas.

Para Degranges, o comércio tinha cinco (5) objetivos principais que permanentemente lhe serviam de meio de troca, sendo este fato a base de sua teoria. As cinco contas a que fazia referência eram: (1) Mercadorias, (2) Dinheiro, (3) Contas a Receber, (4) Contas a Pagar e (5) Lucros e Perdas.

Na concepção do autor, deveria ser aberta uma conta para a pessoa com quem o comerciante mantinha transações a prazo e, ao mesmo tempo, abrir cinco para si mesmo, isto é, uma para mercadorias, uma para o caixa, uma para as contas a receber, uma para as contas a pagar e uma para o resultado. “Essas contas, na realidade, representavam o comerciante. Para ele, o lançamento a débito ou a crédito em uma dessas contas representava debitar ou creditar o próprio comerciante” (Schmidt, 2000, p.30). Esta teoria não teve boa aceitação, não se tornando universal.

Este esquema de cinco contas, deu lugar ao surgimento de um Livro Diário/Razão de 6 colunas, no qual constavam ainda colunas para a data, detalhes, total, etc.

Em 1796, Jones apresentou o modelo inglês de registro baseado em dois livros principais: o diário e o razão e dois livros auxiliares: caixa e armazém (existências). Este autor teve o mérito de ser o primeiro a admitir a necessidade de realizar-se um controle numérico entre os livros principais, somando-se separadamente o diário e o razão para verificar a igualdade de ambas somas.

A preocupação com a fidelidade das informações contidas no diário e no razão, revelou a necessidade de uma maior sistematização do processo de registro das operações, com a conseqüente melhoria na qualidade do produto deste processo.

Mais tarde, com o surgimento das sociedades com mais de um capitalista, criou-se a conta capital, considerada pelos contistas como uma dívida da empresa para com o capitalista.

Os principais personagens do contismo foram: Fibonacci, Pegolotti, Pietra, Flori, Degranges, sendo que os mais destacados foram Cotrugli e Frei Luca Pacioli.


Frei Luca Pacioli

Publicou em Veneza (1ª edição em 10/11/1494), “La Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá. Foi considerado um grande matemático do XV e ficou universalmente conhecido por ter incluído na Summa o Tratado XI, do título IX denominado “De computis et scripturis” (páginas 197 a 210), no qual consta o método de registro contábil de “Partidas Dobradas”, conhecido na época como método de Veneza.

Já em 1458 Benedetto Cotrugli (comerciante) concluia um manuscrito de 160 páginas que tratava das partidas dobradas, cabendo a Pacioli o mérito de haver escrito o primeiro livro de contabilidade.

Justificou a inclusão deste tratado na Summa por entender que os mercadores deveriam saber registrar corretamente suas contas e determinar o resultado do negócio. Acreditava que o comerciante deveria conhecer os registros contábeis e ter, a qualquer momento, a noção exata das transações efetuadas.

Na verdade Pacioli foi o primeiro grande divulgador deste método por coincidir a época de sua obra com a introdução da imprensa na Itália.

A publicação do trabalho se deu em Veneza pois nessa cidade, na época, instalaram-se as principais tipografias e representava o centro do comércio mundial.

No capítulo 1 do tratado XI Pacioli apresenta os três requisitos para que alguém possa ter um negócio: dinheiro ou propriedades, habilidades em cálculos mercantis e conhecimento de contabilidade. No final do capítulo faz referência ao Inventário, abrangendo a classificação, avaliação e registro de propriedades e a forma como deve ser arquivado e que esquema deve ser utilizado para o lançamento contábil.

No capitulo 2 define e descreve o Inventário. No capítulo 3 apresenta um exemplo prático e no capítulo 4 algumas explicações sobre como registrar itens do inventário.

O capítulo 5 é dedicado a forma de organizar os lançamentos contábeis. Explica os livros que deveriam ser usados, fazendo referência ao memoriale (livro em que as operações deveriam ser registradas à medida que iam ocorrendo, giornale (livro diário) e quaderno (livro razão). No capitulo 6 dá explicações sobre o memoriale Os demais livros são tratados nos capítulos seguintes, bem como detalhes de registros contábeis, forma de demonstrar as contas e como corrigir os erros cometidos nos registros.

Pacioli não propôs uma seqüência de lançamentos contábeis e sim exemplos isolados para ressaltar que os lançamentos deveriam ser feitos em dobro, ou seja, a débito e a crédito (Schmidt, 2000, p. 35-47).

fonte: http://teoriascontabeis.blogspot.com/2009/09/escolas-de-contabilidade-italiana.html

quinta-feira, 3 de junho de 2010

EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE

Para que se possa compreender com mais afinco a contabilidade, se faz necessário uma abordagem do início de suas profundas origens, pois só as origens darão uma melhor idéia para justificar os fatos presentes.

Pelo fato do homem não saber escrever há mais de 20.000 anos atrás, ele criou uma das formas mais primitivas de inscrição, que foi a artística, para registrar seus feitos durante o dia. O homem caçava algum animal ou apanhava algum fruto e posteriormente registrava em pinturas gravadas nas paredes esses fatos, podendo-se concluir que nascia daí a necessidade de controle da entidade.

Observa-se que a Contabilidade possui algo em comum com a arte, a Escrita e a Matemática, pois são ciências que surgiram ao se usar uma a outra como base para registros dos fatos que ocorriam no dia-a-dia.
Segundo Sá (1997, p. 21), O mais antigo documento dessa época que se conhece parece ser o que nos apresenta Figuier. Foi encontrado na gruta D´Aurignac, no departamento de Haute Garone, na França; uma lâmina de osso de rena, contendo sulcos que indicam quantidades.

2.1.1. Registros do patrimônio
Os fatos anteriormente citados evidenciam uma pequena parcela do que, com o passar dos anos, o homem descobriria sozinho como registrar seus bens usando até então a desconhecida Contabilidade.
Segundo Sá (1997, p. 19) “o nascimento da Contabilidade é o da inscrição de elementos da riqueza patrimonial, passando, aos poucos, a registros de melhor qualidade”.
Há mais de 6.000 anos atrás, o comércio era intenso, o controle religioso sobre o Estado já era grande e poderoso, daí derivando grande quantidade de fatos a registrar, ensejando, também, o desenvolvimento da escrita Contábil.

Todos os registros eram feitos usando-se peças de argila com relação a cada fato, quando surgiu a expressão “meu” e “seu”, de Débito e Crédito, sendo “Débito” (o que alguém tem que me pagar) e “Crédito” (o que eu devo pagar a alguém).
Com o advento do Papiro no Egito, a Contabilidade só teve a ganhar, pois ela pode ter seus registros mais sofisticados passados em Livros Contábeis. A invenção da escrita impulsionou mais a evolução, segundo estudiosos da questão, foi a escrita Contábil que deu origem à escrita comum e não o inverso.

De acordo com Sá (1997, p. 19),Amplo era o uso dos livros na antiguidade clássica, porque ampla era a análise dos fatos, os romanos chegavam a ter um livro de escrituração de fatos patrimoniais para cada atividade que era desenvolvida (livro de fabricação do azeite, livro da fabricação do vinho, livro dos bens patrimoniais, livros das despesas e receitas, e outros).

2.1.2. Partidas dobradas - O registro de um fato em sua causa e efeito fez surgir o que se chama de Partidas Dobradas, sendo que todo Débito equivale a um Crédito e vice-versa.
Existem várias especulações sobre o surgimento desta técnica de Partidas Dobradas, mas seu autor, em verdade, não se conhece.
Vários fatos impulsionaram seu surgimento, entre eles destacam-se o crescimento do Capitalismo nos fins da Idade Média, a aplicação dos números arábicos à escrituração e a maior necessidade de dar relevo às contas do lucro e outros.

Sá (1997, p. 34) afirma que:
A influência da matemática, o fato de a escrita contábil estar atada ao cálculo desde seus primeiros tempos e ter-se intensificado seu ensino nas escolas de matemática, tudo isto nos fez aceitar a força da mente lógica como geradora do processo das Partidas Duplas. O hábito das equações, o valor das matemáticas associadas à contabilidade, pode ser gerado a hábito da igualdade de Débito e Crédito, e esta nos parece uma hipótese bastante forte no campo histórico.

Em novembro de 1494, o franciscano italiano frei Luca Pacioli publicou a primeira literatura contábil “relevante”, consolidando o método das Partidas Dobradas, com expressões de causa e efeito do fenômeno patrimonial com os termos de Débito e Crédito.
O conceito de dualidade freqüentemente utilizado para justificar as partidas dobradas apenas exige que sejam reconhecidos dois lados de cada transação. Isto poderia ser com igual facilidade feito numa única coluna, usando-se sinais positivos e negativos, quanto em duas colunas com débitos e créditos.
Vale salientar que nessa época vários eram os folhetins publicados por diversos autores sobre a contabilidade, mas nenhum foi tão completo quanto ao do frei, sendo que o mesmo não descobriu as Partidas Dobradas, mas sim aprimorou a conhecimento sobre o citado assunto, pois elas já eram conhecidas e usadas desde o século XIII.
Várias são as hipóteses sobre o surgimento das Partidas Dobradas, cada autor o interpreta de um modo. Observando-se esta dificuldade, é difícil e delicado afirmar quem foi o verdadeiro pai das Partidas, pois elas foram evoluindo gradativamente e em cada época os estudiosos aperfeiçoavam-nas conforme suas necessidades.

2.1.3. Surgimento das escolas de contabilidade

Várias são as teses que evidenciam o surgimento e desenvolvimento da Contabilidade. O desenvolvimento econômico acompanha de perto o desenvolvimento Contábil. Em 1920, com a grande ascensão dos EUA, deu-se origem à Escola Norte-Americana.
Com o surgimento das grandes Corporations, principalmente no século atual, adicionando-se o desenvolvimento do mercado de capitais, a Contabilidade encontrou um campo propício para o seu desenvolvimento com teorias e aplicações no campo prático.
Os Estados Unidos herdaram da Inglaterra a tradição de Auditoria, criando lá sólidas raízes.
No início do século XX, a chamada Escola Européia teve sua queda, quando a Escola Norte-americana obteve sua ascensão.

2.1.4. Diferenças entre as escolas européias e norte americanas

Analisando-se o quadro abaixo, pode-se notar as relevantes diferenças entre as duas escolas.

Algumas razões da Queda da Escola Européia (especialmente italiana)

1. Excessivo Culto à Personalidade: grandes mestres e pensadores da Contabilidade ganharam tanta notoriedade que passaram a ser vistos como “oráculos” da verdade Contábil.

2. Ênfase a uma Contabilidade Teórica: as mentes privilegiadas produziam trabalhos excessivamente teóricos, apenas pelo gosto de serem teóricos, difundindo-se idéias com pouca aplicação prática.

3. Pouca Importância à Auditoria: principalmente na legislação italiana, o grau de confiabilidade e a importância da auditagem não eram enfatizados.

4. Queda do nível das principais faculdades: principalmente as faculdades italianas, superpovoadas de alunos.

Algumas razões da Ascensão da Escola Norte-Americana

1. Ênfase ao Usuário da Informação Contábil: a Contabilidade é apresentada como algo útil para a tomada de decisões, evitando-se endeusar demasiadamente a Contabilidade; atender os usuários é o grande objetivo.

2. Ênfase à Contabilidade Aplicada: principalmente à Contabilidade Gerencial. Ao contrário dos europeus, não havia uma preocupação com a teoria das contas, ou querer provar que a Contabilidade é uma ciência.

3. Bastante Importância à Auditoria: como herança dos ingleses e transparência para os investidores das Sociedades Anônimas (e outros usuários) nos relatórios contábeis, a auditoria é muito enfatizada.

4. Universidades em busca de qualidade: grandes quantias para as pesquisas no campo contábil, o professor em dedicação exclusiva, o aluno em período integral valorizaram o ensino nos Estados Unidos.


quarta-feira, 2 de junho de 2010

CORRENTES DE PENSAMENTO CIENTÍFICO

Entende-se a Contabilidade como ciência pois:
  • Tem um objeto próprio de estudos
  • Estuda o objeto sob um aspecto peculiar ou próprio
  • Estabelece leis (relações entre fatos de validade geral e perene)
  • Enseja a previsão de fatos
  • Tem metodologia específica
  • Tem tradição como conhecimento
  • Enseja aplicação do seu conhecimento
Existem diversas correntes do pensamento científico da Contabilidade, sendo as consideradas próprias de figurarem como de dimensão predominantemente econômica as seguintes:
As correntes abaixo serviram para se reconhecer uma dimensão jurídica da contabilidade, a saber:
A ressaltar ainda as teorias e técnicas desenvolvidas pelos anglo-americanos, as quais se enquadram na dimensão administrativa da Contabilidade e que, apesar de não se revestirem de caráter científico, são bastante influentes: Auditoria (Auditoria interna e Auditoria externa), Princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP's), Contabilidade Divisional, Contabilidade Gerencial, da Análise financeira e da Consolidação dos Balanços.


Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.